PARTE II
Se observarmos nosso dia a dia vamos perceber a importância do papel. Ele é uma constante para o homem moderno como escreve o Sr. Matsuda em seu livro Washi – O Papel Artesanal Japonês:
“Os jornais trazem as notícias impressas em papel; as mercadorias compradas nos supermercados ou são acondicionadas ou trazem rótulos em papel; as revistas, os livros, as cartas, as contas de telefone, água e luz, as multas de trânsito, os documentos… tudo é impresso em papel. E não devemos esquecer a declaração do imposto de renda, o passaporte, a certidão de nascimento e o atestado de óbito, todos registrados na aparente fragilidade das folhas”.
Durante milênios o homem divulgou e perpetuou suas ideias em textos gravados, pintados ou escritos em diferentes suportes.
Na Mesopotâmia (atualmente Iraque) a argila era usada como suporte para a escrita feita com um pedaço de pau. Com o tempo, esse método deu lugar à escrita cuneiforme, o mais antigo método conhecido.
Mais tarde, novos sistemas foram desenvolvidos com o papiro Egípcio – pergaminho de papel usado desde os tempos mais antigos, mas que se tornou popular na cidade grega de Pergamon, de onde herdou o nome. Era feito de uma planta que crescia com abundância nos pântanos do Rio Nilo e é o predecessor mais próximo de nosso papel atual cujo nome vem da palavra papyrus. Por ser um patrimônio dos reis, mais tarde desapareceu com a extinção das dinastias. Não encontramos em nenhuma bibliografia o método de confecção desse papel e, assim, ele terminou sendo o grande segredo dos faraós.
Depois que o descobriram os egípcios inventaram várias técnicas para proteger os documentos nele escritos dos desgastes do tempo e do transporte. Algumas vezes enrolavam esses escritos em pedaços de couro ou eram colocados em caixas feitas de vários materiais como o couro ou a madeira e se seus conteúdos fossem considerados importantes ou valiosos, usavam materiais preciosos para decorá-las.
Não existe nenhum registro sobre a identidade do inventor do papel. O que se sabe é que duas importantes mudanças aconteceram na Idade Média. Umas delas é o aparecimento de documentos em forma de livros como os de nosso tempo, que consistiam de uma série de páginas encadernadas numa lombada, com capas mais ou menos decoradas conforme a importância do documento. A outra mudança foi o aparecimento do papel com uma forma muito semelhante ao que conhecemos hoje. Ele apareceu primeiramente na China e depois se espalhou pelo mundo árabe, demorando 1500 anos para se difundir por toda a Europa.
Em 1873, o Japão começou a absorver a cultura ocidental e foi dos Estados Unidos que recebeu a técnica da produção industrializada do papel. Até então, e por cerca de 1300 anos, havia preservado a produção manufaturada. Foi aí que teve início o período de convivência do washi tradicional com o papel ocidental.
Até os dias de hoje o sistema de produção desse papel magnífico ainda é preservada.
Fica aqui uma pergunta que o Sr. Matsuda faz ao final desse capítulo: “Conseguirá o washi sobreviver na sociedade japonesa do século XXI, quando o país poderá estar liderando a tecnologia e economia mundiais?”
Eu acredito que ele sobreviverá porque faz parte da cultura japonesa e porque a humanidade precisa buscar nas atividades manuais como o artesanato a serenidade que nosso mundo tecnológico nos rouba.
Até o próximo post!